Medici Assessoria
Treinamento físico no calor: cuidados e atenção

O entendimento de como o calor afeta as respostas fisiológicas é fundamental para que se possa fazer uma boa adaptação dos atletas que muitas vezes enfrentam climas mais quentes em treinos e competições.
O exercício físico realizado em ambientes muito quentes leva a diminuição acentuada do desempenho físico, isso porque no calor há um aumento no gasto de glicogênio muscular e acumulo de lactato tanto nos músculos quanto no sangue, isso naturalmente leva ao desenvolvimento precoce da fadiga.
O estresse térmico afeta bastante o fornecimento de energia para os músculos, o que por um lado prejudica o desempenho físico, mas por outro quando feita a aclimatação do atleta as altas temperaturas este estresse leva a adaptação do sistema de fornecimento de energia, o que faz com que o atleta não tenha quedas acentuadas de glicogênio e acumulo de lactato quando comparadas as mesmas cargas de treino.
O desenvolvimento de hipertermia durante o exercício físico realizado no calor está associado a um aumento na taxa de sudorese que leva a desidratação se a reposição de líquidos não for feita adequadamente.
A desidratação leva a diminuição do volume sanguíneo, aumento da viscosidade sanguínea o que faz com que o coração trabalhe mais para bombear o sangue e com isso gerando aumento de fadiga e menor tolerância ao esforço.
Em casos mais acentuados de aumento da temperatura corporal e desidratação podem ocorrer distúrbios pelo calor como cãibras, exaustão pelo calor e intermação.
Estes fatores estão relacionados com a perda de água e sais minerais como o sódio que exerce importante papel fisiológico. A exaustão pelo calor está associada com fadiga extrema, dificuldade respiratória, tontura, vômitos, desmaio, hipotensão arterial e aumento da frequência cardíaca.
Já a intermação é caracterizada pela temperatura interna superior a 40° Celsius, e está associada a interrupção da transpiração, pele quente e seca, aumento da frequência cardíaca e respiratória, perda de consciência e caso não seja tratada imediatamente leva a morte.
Adaptação do atleta ao calor
A realização de treinamento planejado em ambientes quentes faz com que o organismo se adapte ao calor.
Dentre as adaptações estão o aumento na produção de suor e dissipação do calor, 3 a 4 semanas de treinamento podem elevar de 1,5 a 2 vezes a eficiência na dissipação de calor. Além disso, há uma menor perda de sais minerais como o sódio pelo suor.
Estes fatores fazem com que o sistema cardiovascular e metabólico tenham melhores respostas durante o exercício físico em ambientes quentes, evitando assim fatores como fadiga muscular, cãibras e até mesmo o estresse térmico
Para que haja uma boa adaptação ao calor e desempenho em climas quentes é importante manter uma boa hidratação e reposição de sais minerais por isso o trabalho multidisciplinar com um nutricionista é fundamental. Mesmo atletas bem treinados e adaptados ao calor se iniciarem o exercício físico em estado de desidratação podem sofrer todas as consequências da progressão desta desidratação e do aumento da temperatura corporal.
O uso de roupas adequadas em climas quentes também é importante para que se possa ter uma boa dissipação de calor, evitando a desidratação e o estresse térmico.
A exposição controlada junto o treinamento adequado e uma boa hidratação em clima quente é fundamental para garantir uma boa adaptação de esportistas e atletas para que possam ter o máximo de desempenho.

Fábio Medici Lorenzeti,
Diretor e treinador na Medici Assessoria Esportiva.
Mestre em Ciências (EEFE-USP, Lab. de nutrição e metabolismo aplicado a atividade motora).
Autor dos livros: Nutrição e Suplementação Esportiva: aspectos metabólicos, fitoterápicos e da nutrigenômica (2015, Phorte); Exercício, Emagrecimento e Intensidade de Treinamento: aspectos fisiológicos e metodológicos (2013/2ª ed., Phorte); Biologia e Bioquímica: Bases aplicadas às ciências da saúde (2011, Phorte). Além de outros trabalhos científicos nacionais e internacionais.
Professor universitário.
