Medici Assessoria
Entenda a importância do treinamento em altitude para o desempenho esportivo

Eduardo do Nascimento Hidalgo, atleta da Medici Assessoria Esportiva, em treino na Serra Velha de Campos do Jordão. A serra apresenta variação de 975 a 1655 metros de altitude.
A realização das olímpiadas do México em 1968 chamou a atenção dos especialistas no treinamento esportivo para o treinamento dos atletas em regiões de montanha, isso porque a cidade do México fica localizada a 2250 metros do nível do mar.
Depois disso foram realizadas diversas pesquisas que avaliaram o efeito da hipóxia sobre o desempenho dos atletas e como os atletas poderiam sofrer o efeito da aclimatação e melhorar o seu desempenho com o treinamento em altitude.
Com os diversos estudos realizados dos efeitos fisiológicos da altitude sobre o organismo, podemos observar respostas diferentes de acordo com a altitude escolhida para o treinamento. A literatura classifica a altitude em:
- Baixa - até 1200 metros;
- Média - 1300 a 2400 metros
- Elevada - 2500 a 4300 metros;
- Muito elevada - 4400 a 5500 metros;
- Extrema - 5600 a 8850 metros
O termo hipóxia pela altitude quer dizer que há uma diminuição na quantidade de oxigênio que é direcionada para os tecidos corporais. Alterações das respostas fisiológicas podem se tornar presentem em altitudes que variam de 1000 a 2000 metros em que o consumo máximo de oxigênio VO2 máx. pode reduzir para 96 a 98% do que é encontrado em planícies.
A 2500 metros de altitude a capacidade aeróbia pode diminuir entre 10 a 12%, a 3500 metros de altitude de 18 a 20% e no Topo do Everest em 8848 metros de altitude o VO2 máximo não passa de 7 a 10%.
A alteração no consumo de oxigênio leva a mudanças na frequência cardíaca, na pressão arterial, na resposta hormonal e metabólicas do organismo.
Altitude ótima para o treinamento
Atualmente muitos países mantem centros de treinamento e competição localizados em regiões de média a alta altitude.
A maioria das pesquisas aponta maior eficiência no treinamento em altitudes entre 1550 a 2200 metros, mas existem interesses pela preparação em altitudes maiores que variam de 2500 a 3500 metros.
Nesta preparação fatores como tempo de aclimatação, carga de treinamento na altitude e o tempo de retorno são primordiais
Jorge Chala, atleta máster da Medici Assessoria Esportiva, no topo da Serra Velha de Campos do Jordão a 1655 metros de altitude.
Cuidados que se deve ter com o treinamento em altitude
É importante frisar que quando a ascensão não é feita de forma controlada não havendo planejamento na aclimatação existe um grande risco a saúde, sendo o mal agudo da montanha uma das patologias mais comuns.
Existe um grande número de casos relatados de mal da montanha em altitudes a partir de 2700 metros. Dentre os sintomas do mal agudo da montanha estão: dispneia anormal referente ao esforço, cianose, tosse seca, taquicardia, em casos mais graves edema pulmonar, que pode levar a morte.
Só com um planejamento adequado é possível tirar o máximo de proveito para que o atleta apresente efetividade na sua preparação.
Para quem quiser aprofundar os estudos:
Basnyat, B; Murdoch, D.R. High-altitude illness. The Lancet. v. 361, p. 1967- 1974, 2003.
Bolmont, B. et al. Relationship between mood states and performances in RT, psychomotor ability, and mental efficiency during 31-day gradual decompression in a hypobaric chamber from sea level to 8848 m equivalent altitude. Physiology and Behaviour, 71, 469–476, 2000
Ferretti G. et. al. Oxygen transport sytem before and after exposure to chronic hypoxia. Int. J. Sports Med. 11 (15-21) 1990.
Rodrigues A et al Caracterização dos níveis de negativismo, ativação, autoconfiança e orientações motivacionais de alpinistas. Motricidade 5(2):63-86, 2009
Santos S. A. et al. Effect of moderate exercise under hypoxia on Th1/Th2 cytokine balance. The Clinical Respiratory Journal, 13, 583-589, 2019.
Schoene, R.B.; Illnesses at high altitude. CHEST. v. 134, p. 402-416, 2008.
Virués-Ortega J. et al. Human behaviour and development under high-altitude conditions. Developmental Science 9:4
Wilmore J.H.. Costil D.L. Physiology of sport and exercise. Champaign, Illinois: Human Kinetics, 2004
Fábio Medici Lorenzeti,
Diretor e treinador na Medici Assessoria Esportiva.
Mestre em Ciências (EEFE-USP, Lab. de nutrição e metabolismo aplicado a atividade motora)
Professor Adjunto Universidade Módulo
Autor dos livros: Nutrição e Suplementação Esportiva: aspectos metabólicos, fitoterápicos e da nutrigenômica (2015, Phorte); Exercício, Emagrecimento e Intensidade de Treinamento: aspectos fisiológicos e metodológicos (2013/2ª ed., Phorte); Biologia e Bioquímica: Bases aplicadas às ciências da saúde (2011, Phorte). Além de outros trabalhos científicos nacionais e internacionais.
